Li o artigo “Implementing Industry 4.0: assessing the current state” de
Roland Ortt, Claire Stolwijk e Matthijs Punter da Delft University of Technology onde destacam algumas Lições Aprendidas derivadas da experiência dos autores na mentoria de Jornadas Indústria 4.0 até aqui:

  1. A Indústria 4.0 requer competências fundamentalmente novas por parte dos funcionários, a primeira lição refere-se a essas competências dos funcionários e como educá-los.
  2. Como a Indústria 4.0 requer novos conhecimentos, a segunda lição refere-se à mudança na relação com vários institutos de conhecimento e pesquisa.
  3. A terceira lição refere-se a mudanças organizacionais necessárias em direção a tomada de decisão mais plana e descentralizada, fortes ligações com spin-offs e a criação de equipes multidisciplinares.
  4. A quarta lição enfoca mudanças na cultura corporativa, a cultura nas empresas deve ser caracterizada por flexibilidade, abertura, disposição para aprender e uma mentalidade empreendedora.
  5. A quinta lição refere-se à abertura e confiança necessárias para compartilhar dados com empresas parceiras em toda a cadeia de suprimentos.
  6. A sexta lição indica como a Indústria 4.0 deve ser integrada aos sistemas de máquinas e produção existentes.

Na opinião dos autores, e minha também, negligenciar uma delas pode bloquear o progresso e o sucesso da implementação da sua Jornada Indústria 4.0. Somando minha experiência a desses autores, mostro aqui algumas sugestões de como implementar essas lições na prática.

1 – DESENVOLVER NOVAS COMPETÊNCIAS PARA OS FUNCIONÁRIOS

Existem muitas sugestões para colocar a primeira lição em prática, que é a necessidade de desenvolver novas competências para os funcionários em um ambiente Indústria 4.0. Seguem algumas sugestões para isso:

Criar um programa de treinamento: a empresa pode implementar um programa de treinamento para seus funcionários que se concentre nas habilidades necessárias para trabalhar em um ambiente Indústria 4.0. Isso pode incluir treinamento em tecnologias emergentes como Cloud Computing, ICS Cybersecurity, Realidade Aumentada, Big Data Analytics, IIoT, Gêmeos Digitais, etc, bem como habilidades interpessoais, como gestão da mudança, trabalho em equipe, agilidade e comunicação.

Contratar novos funcionários: a empresa pode decidir contratar novos funcionários com as habilidades necessárias para trabalhar em um ambiente Indústria 4.0. Isso pode incluir profissionais com formação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) ou com experiência em tecnologias emergentes.

Promover uma cultura de aprendizado: a empresa pode criar uma cultura de aprendizado contínuo, incentivando os funcionários a se desenvolverem constantemente e adquirirem novas habilidades e conhecimentos. Isso pode ser feito por meio de treinamentos, incentivos, programas de mentorias, entre outros.

Implementar plataformas de aprendizagem online: a empresa pode implementar plataformas de aprendizagem online, onde os funcionários podem acessar cursos e recursos educacionais para aprimorar suas habilidades e conhecimentos.

Identificar as habilidades necessárias para a empresa: a empresa pode identificar as habilidades necessárias para a sua indústria e desenvolver um plano para garantir que seus funcionários tenham as habilidades necessárias para trabalhar em um ambiente de Indústria 4.0. Isso pode incluir uma análise de lacunas de habilidades e um plano de ação para preencher essas lacunas.

2 – INTERFACE COM INSTITUTOS DE PESQUISA E CORRELATOS

Existem diversas sugestões para implementar a segunda lição em prática, que é a mudança na relação com institutos de pesquisa e conhecimento na Indústria 4.0. Algumas possíveis sugestões são:

Estabelecer parcerias estratégicas: a empresa pode estabelecer parcerias estratégicas com institutos de pesquisa, universidades e outras empresas do setor para compartilhar conhecimento e recursos. Isso pode ajudar a empresa a se manter atualizada com as últimas tendências e tecnologias em sua área de atuação.

Investir em pesquisa e desenvolvimento interno: a empresa pode investir em pesquisa e desenvolvimento interno para desenvolver novas tecnologias e soluções que possam melhorar sua produtividade e eficiência.

Participar de eventos e conferências: a empresa pode participar de eventos e conferências do setor para se manter atualizada sobre as últimas tendências e tecnologias. Esses eventos também podem ser uma oportunidade para fazer networking e estabelecer parcerias com outras empresas e instituições de pesquisa.

Criar um programa de inovação aberta: a empresa pode criar um programa de inovação aberta para incentivar a colaboração com outras empresas e instituições de pesquisa. Isso pode incluir a criação de desafios e competições para encontrar soluções inovadoras para problemas específicos.

Contratar especialistas em tecnologia: a empresa pode contratar especialistas em tecnologia que possam trazer novas ideias e conhecimentos para a organização. Isso pode incluir profissionais com formação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) ou com experiência em tecnologias emergentes.

Desenvolver um plano estratégico de inovação: a empresa pode desenvolver um plano estratégico de inovação que inclua a identificação de áreas de foco para pesquisa e desenvolvimento, estabelecimento de metas e objetivos claros e investimento em recursos e tecnologias necessárias para alcançar esses objetivos.

3 – MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS

Existem diversas sugestões para implementar a terceira lição em prática, que é a necessidade de mudanças organizacionais para um modelo de decisão mais horizontal e trabalho em equipe multidisciplinar na Indústria 4.0. Algumas possíveis sugestões são:

Redesenhar a estrutura organizacional: a empresa pode redesenhar sua estrutura organizacional para torná-la mais horizontal, descentralizada e ágil. Isso pode incluir a criação de equipes multidisciplinares e a eliminação de silos departamentais.

Investir em tecnologias de colaboração: a empresa pode investir em tecnologias de colaboração, como plataformas de comunicação e colaboração em tempo real, para facilitar a colaboração entre equipes e departamentos.

Fomentar a cultura de inovação: a empresa pode fomentar uma cultura de inovação que valorize a experimentação e o aprendizado contínuo. Isso pode incluir a promoção de hackathons, workshops e outras atividades que incentivem a colaboração e a troca de conhecimento.

Estabelecer objetivos claros e compartilhados: a empresa pode estabelecer objetivos claros e compartilhados entre as equipes e departamentos para garantir que todos estejam trabalhando na mesma direção e com um propósito comum.

Promover a liderança horizontal: a empresa pode promover a liderança horizontal, em que os líderes atuam como facilitadores e mentores em vez de tomadores de decisão centralizados. Isso pode incentivar a colaboração e a troca de conhecimento entre as equipes e departamentos.

Investir em treinamento e desenvolvimento de habilidades: a empresa pode investir em treinamento e desenvolvimento de habilidades para os funcionários, com foco em competências multidisciplinares e habilidades de comunicação e colaboração. Isso pode ajudar a preparar os funcionários para trabalhar em equipes multidisciplinares e tomar decisões descentralizadas.

4 – CULTURA CORPORATIVA

Existem diversas sugestões para implementar a quarta lição em prática, que é a necessidade de mudanças na cultura corporativa para a Indústria 4.0. Algumas possíveis sugestões são:

Promover a cultura de experimentação: a empresa pode incentivar a experimentação e a aprendizagem contínua, permitindo que os funcionários tentem coisas novas, cometam erros e aprendam com eles.

Incentivar a colaboração: a empresa pode promover a colaboração e o compartilhamento de conhecimentos entre os funcionários, incentivando a criação de equipes multidisciplinares e o trabalho em projetos conjuntos.

Estimular a criatividade: a empresa pode incentivar a criatividade e a inovação, proporcionando espaços e recursos para a geração de novas ideias e soluções.

Adotar uma cultura de feedback: a empresa pode adotar uma cultura de feedback contínuo, incentivando os funcionários a dar e receber feedbacks construtivos e a se engajar em processos de melhoria contínua.

Fomentar a liderança participativa: a empresa pode adotar uma liderança mais participativa, em que os líderes atuem como mentores e facilitadores, e não apenas como tomadores de decisão centralizados.

Investir em treinamento e desenvolvimento: a empresa pode investir em treinamento e desenvolvimento de habilidades, oferecendo programas de capacitação para os funcionários em áreas como liderança, colaboração, criatividade e inovação.

5 – PARCERIAS COM EMPRESAS DA CADEIA DE FORNECIMENTO

Existem algumas sugestões para implementar a quinta lição em prática, que é a necessidade de abertura e confiança para compartilhar dados com empresas parceiras em toda a cadeia de suprimentos. Algumas possíveis sugestões são:

Estabelecer acordos de confidencialidade: é importante estabelecer acordos de confidencialidade entre as empresas parceiras, garantindo que as informações compartilhadas sejam mantidas em sigilo.

Definir protocolos claros para compartilhamento de dados: as empresas devem definir protocolos claros para o compartilhamento de dados, incluindo quais dados serão compartilhados, como eles serão compartilhados e como serão utilizados.

Utilizar tecnologias de segurança de dados: é importante utilizar tecnologias de segurança de dados, como criptografia e autenticação de usuários, para garantir que as informações compartilhadas sejam protegidas contra vazamentos ou acessos não autorizados.

Estabelecer uma cultura de confiança: é fundamental estabelecer uma cultura de confiança entre as empresas parceiras, criando relações de longo prazo baseadas na transparência e na cooperação.

Compartilhar os benefícios: é importante compartilhar os benefícios do compartilhamento de dados entre as empresas parceiras, incentivando a colaboração e o trabalho em equipe.

Investir em tecnologias de integração de dados: as empresas podem investir em tecnologias de integração de dados, como sistemas de gerenciamento de cadeia de suprimentos, para facilitar o compartilhamento de informações entre as empresas parceiras e melhorar a visibilidade da cadeia de suprimentos como um todo.

6 – INTEGRAÇÃO COM OS SISTEMAS EXISTENTES

Existem algumas sugestões para implementar a sexta lição em prática, que é a integração da Indústria 4.0 nas máquinas e sistemas de produção existentes. Algumas possíveis sugestões são:

Avaliar as necessidades específicas de sua empresa: é importante avaliar as necessidades específicas de sua empresa antes de implementar a Indústria 4.0, incluindo suas tecnologias e sistemas existentes, a disponibilidade de recursos e a equipe de trabalho.

Selecionar as tecnologias corretas: é importante selecionar as tecnologias corretas para a Indústria 4.0 que sejam adequadas às necessidades de sua empresa. Isso pode incluir sistemas de automação, sistemas de gerenciamento de dados, sensores, dispositivos de internet das coisas (IoT) e outras tecnologias de ponta.

Garantir a interoperabilidade: as empresas devem garantir a interoperabilidade entre as diferentes tecnologias da Indústria 4.0 para que possam trabalhar juntas de maneira eficiente e integrada. Isso pode ser feito por meio do uso de protocolos e padrões abertos.

Realizar testes piloto: as empresas devem realizar testes piloto antes de implementar totalmente a Indústria 4.0. Isso pode ajudar a identificar quaisquer problemas e ajustes que precisam ser feitos antes da implementação em larga escala.

Investir na capacitação dos funcionários: as empresas devem investir na capacitação de seus funcionários para que possam trabalhar com as novas tecnologias da Indústria 4.0. Isso pode incluir treinamento em tecnologias específicas, bem como a promoção de uma cultura de inovação e aprendizado contínuo.

Implementar um plano de transição: as empresas devem implementar um plano de transição claro e bem planejado para a Indústria 4.0, incluindo uma estratégia de implantação gradual, um cronograma de implementação e um plano de gerenciamento de riscos. Isso pode ajudar a minimizar interrupções na produção e garantir que a transição para a Indústria 4.0 seja suave e eficiente.

A Acatech (Academia Nacional Alemã de Ciências e Engenharia) definiu algumas normas para a concepção do RAMI 4.0 (Reference Architecture Model for Industry 4.0), que é um modelo de referência para a Indústria 4.0. Algumas dessas normas propiciam:

Neutralidade tecnológica: o modelo deve ser neutro em relação às tecnologias específicas utilizadas na Indústria 4.0.

Modularidade: o modelo deve ser composto por módulos independentes que possam ser combinados para criar soluções completas.

Hierarquia: o modelo deve representar a hierarquia dos sistemas na Indústria 4.0, desde o nível mais baixo (dispositivos e sensores) até o mais alto (sistemas empresariais).

Funcionalidade: o modelo deve fornecer uma descrição completa das funções que devem ser implementadas em cada nível da hierarquia.

Confiabilidade: o modelo deve fornecer mecanismos para garantir a confiabilidade e segurança dos sistemas na Indústria 4.0.

Compatibilidade: o modelo deve ser compatível com outras normas e padrões relevantes na Indústria 4.0.

Essas normas foram estabelecidas para garantir que o RAMI 4.0 seja um modelo aberto e flexível que possa ser utilizado por diferentes setores e empresas na Indústria 4.0, independentemente das tecnologias específicas que utilizam.

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